Categoria: Artigo de Opinião
Aluna: Natália Bueno Duarte (3º ano “D” )
Alta voltagem Cultural
A edificação de Lucas do Rio Verde decorre de uma longa caminhada e
migração nos anos 70 que por fatores históricos atraíram migrantes sulistas que
a procura de trabalho e crescimento desbravaram nossa terra, transformando-a em
um dos maiores polos agrícolas com um alto índice na produção de soja e milho
safrinha, que responde por 01% de toda a produção de grãos do país.
O trabalho árduo e uma visão
futurista transformaram o chão bruto do cerrado mato-grossense em terra fértil
e progresso impetuoso, e através de uma administração ímpar a cidade tornou-se
modelo nacional, com escolas majestosas
e uma educação básica com um dos melhores índices do IDEB. E ainda
a nós luverdenses pertence um dos melhores índices no IDH, e o 5º ano consecutivo ganhador do prêmio de melhor merenda escolar.
Com
tanta evolução o município ingressou de vez no seu segundo ciclo social e
econômico, abrindo caminho para se tornar
muito mais que um produtor primário é
hoje altamente tecnificado e modelo de vida comunitária. A agro
industrialização passou a enxergar Lucas com novos olhos, e dessa maneira
instalaram-se aqui empresas voltadas para a suinocultura e avícola e
investidores no biodiesel, gerando oportunidades de empregos, atraindo
trabalhadores dos quatro cantos do Brasil, marcando início de uma nova economia
e conflitos sociais até então desconhecidos.
Se
até agora estávamos acostumados com o churrasco, chimarrão e bombacha, nossos
sentidos começam a perceber novos temperos. Proveniente do progresso, chega
aqui uma nova cultura, caracterizada
pelo forró, acarajé e um jeito manso no falar.
A nova bandeira chegou com ânsia de
provocar mudanças e uma interação cultural, todavia a realidade encontrada é outra. O choque cultural
provocado foi de alta voltagem, onde a “tradicional” população luverdense deixa
claro um sentimento de resistência e uma sensação de blindagem em receber novas
culturas. Ao analisar a nova realidade,
percebe-se claramente que essa resistência não soa de maneira positiva para um município
em pleno desenvolvimento, e no entanto,o novo ciclo social causa uma espécie de
fronteira em nossa sociedade. As pessoas que aqui chegam, não encontram
hospitalidade, sendo assim vítimas de pensamentos ainda não amadurecidos, uma
supervalorização de uma única cultura fechada e “intocável”.
A meu ver, todos os problemas
sociais, são anexos do crescimento, que atuam como espécie de reação ao
progresso acelerado. Penso que a diversidade chegou a nós como resposta de um
trabalho e desprezá-la seria como não reconhecer o produto final de uma luta
árdua. É preciso que se abra a mente, deixando de lado o pensamento de
cidadezinha pequena, pacata, dando lugar ao sentimento de orgulho por abrigar
outros brasileiros com oportunidade de crescimento e melhor qualidade de vida.
Por fim, não questiono a tradição de
qualquer cultura, mas é preciso que
haja respeito, acima de tudo, aos valores humanos, pois independente da
opção sexual, gênero, raça, cor ou
religião, somos seres inteligentes
capazes de uma convivência harmoniosa,
onde seja possível identificar todos como autores que escrevem de forma diferente a mesma
história luverdense.
Categoria: Crônica
Aluno: Djeison Rique (1º ano “A”)
Ah... O lugar onde
vivo
Havia apenas um motivo para meu corpo sair da cama naquele
dia, a tarefa de acordar se torna difícil se você não tem uma motivação, no meu
caso, minha motivação era ir à escola. As mesmas atividades matinais eram por
mim realizadas com o maior desprezo, fazia-as com pressa, era dia de apresentação
de trabalho sobre crônicas na escola.
A sensação de frescor das seis horas
era estupenda, me dava orgulho em respirar o ar luverdense, a caminho para a
escola observo sem muitas novidades o ir e o vir
apressado dos passantes com cara de “segunda feira”, independente do dia da
semana, carros, motos, bicicletas, e o famoso “ji...pé” (ditado da minha vó). A muvuca rotineira de todos os dias
em uma cidade promissora que se desponta no cerrado mato-grossense , não é nada
“besta”, assim diria Drummond, mas
voltemos à minha rotina...o friozinho
me dava um aconchego no meu uniforme, impecavelmente coberto pelo casaco de
frio, só se via as bordas brancas da manga que cobriam metade da minha mão, no meu estilo diário. Esquecendo a bicicleta,
avisto meus amigos na entrada da escola. É sagrado esperar todo grupo estar
unido para se posicionar na frente da sala, o grupo do canudo, vai um vai tudo.
A primeira aula de geografia não teve peculiaridades, sem perceber o tempo
passar, o intervalo.
E logo a aula de português, ah... A aula de português, onde
surgem as mais incógnitas filosofias juvenis, o sangue de cada estudante volta
a circular pela perfeição de qualquer fala, qualquer deslize, Almir estava lá,
sagaz. Após a chamada ser realizada tudo começa.
Incompetência. Essa é a palavra que uso para definir aulas
mágicas onde os alunos têm mais de um mês para ler um livro de crônicas, ao
menos se fosse um livro espesso, e chegam à data da apresentação exímios
prodígios, alunos extintos dessa nomenclatura por suas próprias palavras
inertes e sem conteúdo. A aula de Língua Portuguesa do professor Almir é
basicamente uma prova de resistência, para ele e o português. Mostrando os mais
absurdos feitos em matéria de irresponsabilidade, o cúmulo continuou.
Pensando agora
por outro lado, é possível analisarmos a extrema e inacreditável dificuldade de
escolher um texto como a crônica, com um enorme e extenso conteúdo de no máximo
duas páginas, e ir a frente da classe e contar o que leu, ou o que improvisou,
como acontece no “É tudo Improviso”. Para falar a verdade isso não é nada
comparado ao “momento Chico Xavier” que o professor Almir fazia a cada fim de
esplêndidas apresentações.
Como na crise
mundial que não afetou o Brasil, foi um alívio. Também apareceram bons
trabalhos. Certos alunos, sempre os mesmos, conseguiram extinguir os suicídios
metafóricos que passava o professor Almir. As câimbras nos braços (de tanta
decepção e apoio na cabeça) já não eram tão intensas para ele. Mesmo com a
insistente demora, consegui apresentar minha crônica. Assim terminou a aula.
Em meio a agitação dos alunos se faz lúcida
minha consciência ao lembrar que tenho que voltar para casa, aí começa meu
purgatório, a ideia de esforço é prolongada no caminho que faço depois da aula,
aquela maravilhosa manhã fresca torna-se inóspita. O desafio diário de
livrar-me do sol, ah... O sol, meu amiguinho fiel de todos os dias, que faz
questão de iluminar-me com sua serena e sarcástica luz, “é um inferno” eu já
estou cansado da aula, e logo quando saio da escola ele está lá, invicto,
pronto para desgastar minhas virtudes. Mal pisando no asfalto as solas dos
tênis se amolecem. Eu como um amante do frio, me contento em usar roupas
compridas para livrar-me da criancinha que é o sol do meio-dia do meu querido
Mato Grosso.
O caminho
percorrido é o mesmo, agora é o ar quente e sem umidade que me ronda nessa
estafante tarefa, até que chego na avenida... a
avenida que decidirá meu destino. De fato, é na segunda avenida principal que
fico a frente do extremo da resistência humana. O sofrimento se divide nas
alternativas que posso utilizar na volta, e merecidamente amado pela poeira
luverdense que se faz brisa nesse caminho, chego a minha casa. Provavelmente na
manhã seguinte, irão se esgotar as vontades em mim, quando lembrar: “terei que
voltar para casa”.
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