quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Textos Etapa escolar E.E. Dom Bosco - Lucas do Rio Verde

Categoria: Artigo de Opinião
          Aluna: Natália Bueno Duarte (3º ano “D” )


Alta voltagem Cultural

A edificação de Lucas  do Rio Verde decorre de uma longa caminhada e migração nos anos 70 que por fatores históricos atraíram migrantes sulistas que a procura de trabalho e crescimento desbravaram nossa terra, transformando-a em um dos maiores polos agrícolas com um alto índice na produção de soja e milho safrinha, que responde por 01% de toda a produção de grãos do país.
O trabalho árduo e uma visão futurista transformaram o chão bruto do cerrado mato-grossense em terra fértil e progresso impetuoso, e através de uma administração ímpar a cidade tornou-se modelo nacional, com escolas majestosas    e   uma  educação básica  com um dos melhores índices do IDEB. E ainda a nós luverdenses pertence um dos melhores índices no IDH, e o 5º ano consecutivo  ganhador do prêmio de melhor merenda escolar.
            Com tanta evolução o município ingressou de vez no seu segundo ciclo social e econômico, abrindo caminho para se tornar  muito mais que um produtor primário é  hoje altamente tecnificado e modelo de vida comunitária. A agro industrialização passou a enxergar Lucas com novos olhos, e dessa maneira instalaram-se aqui empresas voltadas para a suinocultura e avícola e investidores no biodiesel, gerando oportunidades de empregos, atraindo trabalhadores dos quatro cantos do Brasil, marcando início de uma nova economia e conflitos sociais até então desconhecidos.
            Se até agora estávamos acostumados com o churrasco, chimarrão e bombacha, nossos sentidos começam a perceber novos temperos. Proveniente do progresso, chega aqui uma  nova cultura, caracterizada pelo forró, acarajé e um jeito manso no falar.
A nova bandeira chegou com ânsia de provocar mudanças e uma interação cultural, todavia a realidade  encontrada é outra. O choque cultural provocado foi de alta voltagem, onde a “tradicional” população luverdense deixa claro um sentimento de resistência e uma sensação de blindagem em receber novas culturas. Ao analisar a  nova realidade, percebe-se claramente que essa resistência não soa de maneira positiva para um município em pleno desenvolvimento, e no entanto,o novo ciclo social causa uma espécie de fronteira em nossa sociedade. As pessoas que aqui chegam, não encontram hospitalidade, sendo assim vítimas de pensamentos ainda não amadurecidos, uma supervalorização de uma única cultura fechada e “intocável”.
A meu ver, todos os problemas sociais, são anexos do crescimento, que atuam como espécie de reação ao progresso acelerado. Penso que a diversidade chegou a nós como resposta de um trabalho e desprezá-la seria como não reconhecer o produto final de uma luta árdua. É preciso que se abra a mente, deixando de lado o pensamento de cidadezinha pequena, pacata, dando lugar ao sentimento de orgulho por abrigar outros brasileiros com oportunidade de crescimento e  melhor qualidade de vida.
Por fim, não questiono a tradição de qualquer cultura, mas é preciso que   haja respeito, acima de tudo, aos valores humanos, pois independente da opção sexual, gênero,  raça, cor ou religião, somos  seres inteligentes capazes  de uma convivência harmoniosa, onde seja possível identificar todos como autores  que escrevem de forma diferente a mesma história luverdense. 




Categoria: Crônica
Aluno: Djeison Rique (1º ano “A”) 


Ah... O lugar onde vivo

Havia apenas um motivo para meu corpo sair da cama naquele dia, a tarefa de acordar se torna difícil se você não tem uma motivação, no meu caso, minha motivação era ir à escola. As mesmas atividades matinais eram por mim realizadas com o maior desprezo, fazia-as com pressa, era dia de apresentação de trabalho sobre crônicas na escola.
            A sensação de frescor das seis horas era estupenda, me dava orgulho em respirar o ar luverdense, a caminho para a escola observo sem muitas novidades o ir e o vir apressado dos passantes com cara de “segunda feira”, independente do dia da semana, carros, motos, bicicletas, e o famoso “ji...pé” (ditado da  minha vó). A muvuca rotineira de todos os dias em uma cidade promissora que se desponta no cerrado mato-grossense , não é nada “besta”, assim diria   Drummond, mas voltemos à minha  rotina...o friozinho me dava um aconchego no meu uniforme, impecavelmente coberto pelo casaco de frio, só se via as bordas brancas da manga que cobriam metade da minha mão, no  meu estilo diário. Esquecendo a bicicleta, avisto meus amigos na entrada da escola. É sagrado esperar todo grupo estar unido para se posicionar na frente da sala, o grupo do canudo, vai um vai tudo. A primeira aula de geografia não teve peculiaridades, sem perceber o tempo passar, o intervalo.
E logo a aula de português, ah... A aula de português, onde surgem as mais incógnitas filosofias juvenis, o sangue de cada estudante volta a circular pela perfeição de qualquer fala, qualquer deslize, Almir estava lá, sagaz. Após a chamada ser realizada tudo começa.
Incompetência. Essa é a palavra que uso para definir aulas mágicas onde os alunos têm mais de um mês para ler um livro de crônicas, ao menos se fosse um livro espesso, e chegam à data da apresentação exímios prodígios, alunos extintos dessa nomenclatura por suas próprias palavras inertes e sem conteúdo. A aula de Língua Portuguesa do professor Almir é basicamente uma prova de resistência, para ele e o português. Mostrando os mais absurdos feitos em matéria de irresponsabilidade, o cúmulo continuou.
Pensando agora por outro lado, é possível analisarmos a extrema e inacreditável dificuldade de escolher um texto como a crônica, com um enorme e extenso conteúdo de no máximo duas páginas, e ir a frente da classe e contar o que leu, ou o que improvisou, como acontece no “É tudo Improviso”. Para falar a verdade isso não é nada comparado ao “momento Chico Xavier” que o professor Almir fazia a cada fim de esplêndidas apresentações.
Como na crise mundial que não afetou o Brasil, foi um alívio. Também apareceram bons trabalhos. Certos alunos, sempre os mesmos, conseguiram extinguir os suicídios metafóricos que passava o professor Almir. As câimbras nos braços (de tanta decepção e apoio na cabeça) já não eram tão intensas para ele. Mesmo com a insistente demora, consegui apresentar minha crônica. Assim terminou a aula.
 Em meio a agitação dos alunos se faz lúcida minha consciência ao lembrar que tenho que voltar para casa, aí começa meu purgatório, a ideia de esforço é prolongada no caminho que faço depois da aula, aquela maravilhosa manhã fresca torna-se inóspita. O desafio diário de livrar-me do sol, ah... O sol, meu amiguinho fiel de todos os dias, que faz questão de iluminar-me com sua serena e sarcástica luz, “é um inferno” eu já estou cansado da aula, e logo quando saio da escola ele está lá, invicto, pronto para desgastar minhas virtudes. Mal pisando no asfalto as solas dos tênis se amolecem. Eu como um amante do frio, me contento em usar roupas compridas para livrar-me da criancinha que é o sol do meio-dia do meu querido Mato Grosso.
O caminho percorrido é o mesmo, agora é o ar quente e sem umidade que me ronda nessa estafante tarefa, até que chego na avenida... a avenida que decidirá meu destino. De fato, é na segunda avenida principal que fico a frente do extremo da resistência humana. O sofrimento se divide nas alternativas que posso utilizar na volta, e merecidamente amado pela poeira luverdense que se faz brisa nesse caminho, chego a minha casa. Provavelmente na manhã seguinte, irão se esgotar as vontades em mim, quando lembrar: “terei que voltar para casa”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário