Não quero retornar
As palavras
Que voam.
Mas, as que se arrastam e
Na Terra se escondem.
Arrancarei do voo da borboleta
A inspiração para imaginar e compor
O jogo das palavras que
Aos olhos do leitor e
Aos ouvidos do cego
Mortas ganharão vida.
Fiz a promessa que
Não beijarei a lua.
Negarei a devagar nas palavras
De amor, solidão, ódio, tristeza e
Todo tipo de sentimentalismo barato.
Falarei do lugar onde moro e vivo
Tocarei o chão com os pés descalços e
Saborearei o sabor do cheiro de terra [molhada.
Cuidarei das fura-terras, dos insetos invisíveis e
A partir de hoje
Não servirá as formigas
Para meu deleite matinal.
Louvarei a mãe Terra,
Evocarei ao deus Sol,
A sublime lua
A inspiração para as letras mortas.
A partir de agora
Nada serei
Senão algo que emudece a voz
E nas letras mortas metamorfiza-lhe a [vida.
Serão as pequenas coisas que se arrastam no chão
Tomam a água da chuva
Respiram a poeira do chão e
Logo mais acima do meu cadáver [estará, se
No voo da borboleta pó não virar e
O lugar onde vivo
Parte de mim será ...
Não retirarei as reticências
Porque elas falarão
Muito mais por mim
Do que as palavras torpes, insanas e [mortas e
As reticências
As reticências
R e t i c ê n c i a s
Continuarão
...
Sinop, 30 de maio de 2012.
Valdeir Pereira
Sinop/MT
Nenhum comentário:
Postar um comentário