segunda-feira, 4 de junho de 2012

As reticencias


Não quero retornar
As palavras
Que voam.
Mas, as que se arrastam e
Na Terra se escondem.

Arrancarei do voo da borboleta
A inspiração para imaginar e compor
O jogo das palavras que
Aos olhos do leitor e
Aos ouvidos do cego
Mortas ganharão vida.

Fiz a promessa que
Não beijarei a lua.
Negarei a devagar nas palavras
De amor, solidão, ódio, tristeza e
Todo tipo de sentimentalismo barato.

Falarei do lugar onde moro e vivo
Tocarei o chão com os pés descalços e
Saborearei o sabor do cheiro de terra [molhada.

Cuidarei das fura-terras, dos insetos invisíveis e
A partir de hoje
Não servirá as formigas
Para meu deleite matinal.

Louvarei a mãe Terra,
Evocarei ao deus Sol,
A sublime lua
A inspiração para as letras mortas.

A partir de agora
Nada serei
Senão algo que emudece a voz
E nas letras mortas metamorfiza-lhe a [vida.

Serão as pequenas coisas que se arrastam no chão
Tomam a água da chuva
Respiram a poeira do chão e
Logo mais acima do meu cadáver [estará, se
No voo da borboleta pó não virar e
O lugar onde vivo
Parte de mim será ...

Não retirarei as reticências
Porque elas falarão
Muito mais por mim
Do que as palavras torpes, insanas e [mortas e
As reticências
As reticências
R   e   t    i   c     ê                   i       a         s
Continuarão
...

Sinop, 30 de maio de 2012.



Valdeir Pereira

Sinop/MT

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